Yakuza: 17 fatos interessantes sobre a máfia japonesa

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Yakuza: 17 fatos interessantes sobre a máfia japonesa
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Yakuza é o nome do maior grupo criminoso do Japão e do mundo com mais de 100.000 membros, também conhecido como Gokudo.

Para a polícia e a imprensa, essa organização criminosa é chamada de Boryokudan, que significa “Grupo de Violência”, mas seus membros costumam se referir a si mesmos como Ninkyo dantai, que significa “Organização dos Cavaleiros”.

Acredita-se que a yakuza tenha se originado em meados do período Edo (1603-1868) e foi originalmente dividida em dois grupos: tekiya (aqueles que vendiam mercadorias ilegais, roubadas ou abaixo do padrão) e bakuto, aqueles que participavam de jogos ilegais ou os jogou.

Tekiya (vendedores) e bakuto (jogadores ilegais) vieram das classes socioeconômicas mais baixas da sociedade japonesa, e acredita-se que a maioria dos membros seja de origem coreana ou de outros grupos étnicos, como burakumin.

1. Origem do nome Yakuza

Yakuza vem de um dialeto regional e significa a sequência numérica “8-9-3” (yatsu, ku, san). O nome vem de um jogo de cartas chamado oichokabu, que geralmente é jogado com um baralho de hanafuda. A soma desses números é 20.

A pontuação do jogador neste jogo é determinada somando os pontos de várias cartas e usando apenas o menor número, portanto, de acordo com as regras do jogo, 20 é igual a 0 pontos. Assim, o significado original da palavra yakuza era “sem óculos”, ou “pessoas inúteis” ou “pessoas que jogam”.

2. As quatro principais famílias yakuza

A Máfia Yakuza é conhecida por suas atividades ilegais, códigos de conduta e organização extrema. Ela tem muita influência na mídia e na política japonesa, e também é ativa internacionalmente.

yakuza
Foto: Anton Petukhov | Dreamstime

A Yakuza tem atualmente mais de 103.000 membros pertencentes a quatro famílias principais:

  • Yamaguchi-gumi: Este é o maior de todo o Japão, com 40.000 membros divididos em 750 clãs. Seu Oyabun (líder) é Kenichi Shinoda, foi fundado em 1915 e está sediado em Kobe. Esta organização lidera várias atividades criminosas não apenas no Japão, mas também no exterior.
  • Sumiyoshi-rengo: Esta é a segunda maior família yakuza do Japão, com mais de dez mil membros divididos em 177 clãs. Seu atual Oyabun é Shigeo Nishiguchi, Osomuya Tanaka. Este é o inimigo de Yamaguchi-gumi.
  • Inagawa-kai: Esta é a terceira maior família yakuza do Japão, com mais de 7.000 membros e divididos em 177 clãs. Seu atual Oyabun é Kakuji Inagawa. Foi a primeira yakuza a operar fora do Japão.
  • Toua Yuai Jigyo Kumiai: Esta é a quarta maior família yakuza, com mais de mil membros e dividida em 6 clãs. Seu atual Oyabun é Satoru Nomura. Fundada em 1948 por Hisayuki Machi, que é descendente de coreanos e, portanto, consiste principalmente de membros de ascendência coreana.

3. Estrutura da Família Yakuza

A estrutura da yakuza é piramidal, com o líder no topo e várias posições abaixo dele. No topo está o Oyabun (pai). Abaixo dele está Kobun (filho adotivo), e seu relacionamento com Oyabun é baseado em lealdade incondicional e obediência cega. Em troca, Kobun recebe proteção e favor do Oyabun.

Abaixo estão Saiko-Komon (gerente do clã), Wakagashira (gerente do clã) e Shateigashira (segundo gerente do clã). Abaixo deles estão Shingin (conselheiro), Kaikei (contador) e finalmente Kyodai (irmãos mais velhos), Shatei (irmãos mais novos) e Wakashū (jovens líderes).

4. Sakazukigoto – Ritual de Iniciação

Devido à sua natureza hierárquica, os recém-chegados à organização yakuza devem se reportar aos membros mais experientes. A yakuza tem uma estrutura complexa e é preciso um longo caminho para subir ao topo da hierarquia. Mas existe um ritual de iniciação pelo qual todo recém-chegado deve passar, conhecido como Sakazukigoto.

yakuza
Foto: Aleksandr Astrakhantcev | Dreamstime

Durante o ritual, o iniciado fica em frente ao seu oyabun enquanto os demais participantes servem o saquê. O recém-chegado recebe uma porção menor e o copo oyabun é enchido até a borda para mostrar seu status. Assim começa o vínculo entre o kobun e o oyabun.

Freqüentemente, a cerimônia é realizada em um santuário xintoísta. Como a maioria das pessoas sabe, o saquê é a bebida típica de muitas cerimônias no Japão, inclusive religiosas. É considerado um elo entre o homem e os deuses, e também serve para fortalecer as relações entre as pessoas.

5. Ritual Yubitsume

Quando alguém entra para a yakuza, é como um pacto pela vida. Um membro deve ser absolutamente leal ao seu clã, e assim que quebra alguma regra da organização, é punido com a amputação da ponta do dedo mindinho em um ritual conhecido como Yubitsume.

No caso de novas infrações, o restante do dedo é cortado, passando para outros dedos se necessário. O corte do dedo está associado ao enfraquecimento da mão do espadachim ao empunhar uma espada e, portanto, também simboliza o enfraquecimento de um membro de seu clã.

6. Tatuagens da Yakuza

Uma das características mais marcantes de um membro da yakuza é a tatuagem em seu corpo através de uma prática artesanal conhecida como Irezumi. Essa prática é considerada um sinal de coragem devido à dor que o método causa. Por outro lado, devido à sua associação com a máfia, muitas piscinas públicas e parques aquáticos proíbem a entrada de pessoas tatuadas.

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Ratmir Belov
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Muitas agências governamentais também não aceitam trabalhadores com tatuagens pelo mesmo motivo. Embora o número de pessoas tatuadas não pertencentes à máfia seja alto, o estigma permanece e a tatuagem pode ser uma barreira para muitos cidadãos encontrarem trabalho.

7. Exame escrito

Em 2009, a facção Yamaguchi-gumi criou um exame de 12 páginas para seus membros. A mudança ocorreu depois que o governo promulgou leis mais duras contra o crime organizado. O teste foi uma tentativa do grupo de garantir que os membros estivessem cientes das novas leis e assim evitar problemas.

O teste testa o conhecimento dos participantes sobre os detalhes das “ações” que são permitidas ou proibidas. Com um bom conhecimento da lei de controle do crime, os líderes podem orientar melhor seus subordinados quanto às ações a serem executadas, evitando que todo o grupo sofra as consequências da ação.

8. Sanja Matsuri

Sanja Matsuri é um dos maiores festivais de Tóquio, realizado anualmente no terceiro final de semana de maio no Templo Senso-ji em Asakusa. Muitos participantes deste festival são membros da Yakuza. No dia a dia, os participantes geralmente não exibem suas tatuagens, mas no festival é permitido.

yakuza
Foto: Moniquetoth | Dreamstime

Além de participar do festival, alguns mikoshi (santuários portáteis) que se apresentam durante o festival são financiados por alguns grupos da máfia japonesa. Eles podem pesar cerca de uma tonelada e custar em média US$ 500.000 (cerca de 40 milhões de ienes).

9. Bob, o Construtor

Ao ser exportado para o Japão, o personagem Bob, o Construtor, teria que ter cinco dedos em vez dos quatro originais. Tudo isso porque o personagem estaria associado à prática do Yubitsume, quando a ponta do dedo mindinho era cortada como punição para integrantes da yakuza.

10. Solidariedade durante o tsunami de 2011

Quando o tsunami atingiu o Japão em 2011, a yakuza foi uma das primeiras a ajudar as vítimas nas áreas afetadas, antes mesmo do governo japonês. Grupos da máfia Yakuza entregaram comida, água, cobertores e artigos de higiene para centros de evacuação no nordeste do Japão.

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E não é a primeira vez que a máfia faz esse gesto de solidariedade. Em 1995, quando um terremoto atingiu Kobe, a quinta maior cidade do Japão, a yakuza ajudou as vítimas entregando suprimentos em scooters, barcos e até helicópteros nas áreas afetadas pelo grande desastre.

11. Prótese para ex-membros da Yakuza

Muitos integrantes que optam por deixar a yakuza encontram dificuldades de adaptação, principalmente aqueles que perderam o dedo mindinho durante o ritual do Yubitsume. Para oferecer a essas pessoas uma vida normal sem discriminação, alguns fabricantes criaram membros artificiais.

A ausência desse membro é imediatamente associada a uma quadrilha criminosa e, graças a uma prótese de silicone, cuidadosamente moldada e com aparência muito realista, muitos ex-membros da máfia têm a chance de se reintegrar à sociedade como bons cidadãos e, assim, iniciar definitivamente um novo vida.

Aiwa gishi, uma empresa com sede em Tóquio, já fez próteses para mais de 300 ex-membros da yakuza, mas a empresa não se limita apenas a esses clientes, ajudando pessoas que nasceram sem dedos ou os perderam em um acidente. No entanto, o preço da prótese é um pouco alto. Custa cerca de 200.000 ienes.

12. Atividade ilegal da Yakuza

A yakuza é responsável por praticamente todas as atividades ilegais no Japão. Isso inclui espionagem, tráfico de drogas e armas de fogo, jogos de azar (pachinko), agiotagem e extorsão. Envolvido na prostituição, trazendo escravos sexuais da Rússia, China e outros países asiáticos, como Filipinas e Tailândia.

yakuza
Foto: Lightfieldstudiosprod | Dreamstime

Entre suas atividades ilegais está o Sokaiya, um método de chantagem praticado em larga escala. Essa prática envolve a compra de ações da empresa em quantidade suficiente para chegar à assembléia de acionistas. Primeiro, no entanto, os membros da máfia realizam uma busca minuciosa na empresa para descobrir casos de má conduta ou outros segredos comerciais.

Eles frequentemente fabricam fatos e evidências para comprometer ainda mais a empresa. E para manter o segredo, não permitindo que um escândalo estourasse, a máfia chantageia a empresa, extorquindo dela muito dinheiro. E tudo isso é feito nos bastidores, e as ameaças são indiretas.

13. Olimpo e Yakuza

Olympus Corporation é uma empresa japonesa de fabricação de equipamentos ópticos. Fundada por Takeshi Yamashita, iniciou suas atividades em outubro de 1919 com a produção de microscópios e termômetros, que atualmente se destacam no mercado de câmeras digitais, equipamentos médicos e científicos.

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Em 2011, o CEO da empresa, Tsuyoshi Kikukawa, foi demitido por ter pago cerca de US$ 1,6 bilhão a uma das maiores organizações criminosas do mundo e a maior do Japão, a Yakuza.

O escândalo se espalhou por todo o mundo nas capas dos jornais e nas principais televisões estatais. Algo semelhante aconteceu em 1994, quando Juntaro Suzuki, vice-presidente da Fujifilm (também multinacional japonesa), foi morto por uma katana (uma típica arma de gume japonesa) por se recusar a pagar propina.

14. Yakuza na política

Em 2012, o ministro da Justiça do Japão, Keishu Tanaka, foi forçado a renunciar depois que sua conexão com a Yakuza foi descoberta. No entanto, a máfia sempre teve influência na política japonesa. O primeiro-ministro Nobusuke Kishi, por exemplo, estava intimamente associado ao Yamaguchi-gumi.

Em 1971, Kishi, junto com outros políticos, resgatou o líder do Yamaguchi-gumi, que foi condenado por assassinato. Ele também compareceu a funerais e casamentos da yakuza. Além disso, os membros da yakuza costumam ser vistos como guardas de segurança ou ativistas políticos durante as eleições.

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Além disso, as gangues yakuza podem garantir um certo número de votos para seu candidato favorito. Por exemplo, o chefe de uma gangue yakuza em Kyoto forneceu 30.000 votos para eleger o governador. Pelo menos quatro outros primeiros-ministros foram ligados à yakuza, principalmente Noboru Takeshita, que chegou ao poder em 1987.

15. Jornal da Yakuza

O Yamaguchi-gumi criou uma revista oficial para seus membros chamada Yamaguchi-gumi Shinpo. A revista inclui poemas haicai e artigos sobre pesca. A revista, que não é de domínio público, pretende mencionar valores tradicionais da yakuza, como lealdade e disciplina.

yakuza
Foto: Moniquetoth | Dreamstime

O número de membros da organização estava diminuindo, e a revista era uma forma de levantar o moral e tentar diminuir a imagem negativa que as pessoas tinham da máfia, principalmente após o conflito de Kyushu, que envolveu outros grupos yakuza, no qual civis inocentes estavam entre as vítimas.

A revista também é uma tentativa do Yamaguchi-gumi de recrutar novos membros, mostrando à população que é uma organização antiga que defende os valores tradicionais japoneses e que seus membros não são um bando de bandidos violentos como os envolvidos no conflito de Kyushu. .

16. Síndrome de Hobbin-Wood

Acredita-se que alguns membros da máfia japonesa sejam descendentes de kabuki-mono, samurais do século XVII que serviram ao shogun durante a era Tokugawa.

Em tempos de paz, muitos deles se tornaram ronins e entraram para o mundo do crime, vivendo em comunidades envolvidas na administração de jogos de azar e outras atividades ilegais.

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Muitas pessoas gostam de se dizer descendentes de “Yokko-machi” (servidores da cidade), heróis que protegiam os pobres e camponeses durante a Idade Média no Japão. Essas noções românticas de uma vida de crime significam que a organização acaba adquirindo uma imagem positiva entre o público.

17. Yakuza no cinema

Para quem gosta de cinema, existem boas opções nesse tema. Alguns dos clássicos são: Bakuto Gaijin Butai (Guerra de Gangues de Okinawa) de Kinji Fukasaku, o mesmo diretor da série Batalhas Sem Honra e Humanidade de 1973, que tratava do mesmo tema.

Outros filmes clássicos: Sonatina de Takeshi Kitano, produção de 1993, Kawaita Hana (Flor Pálida) de Masahiro Shinoda, Koroshi no Rakuin (Nascido para Matar), Seijun Suzuki, Showa Zankyo-den (Histórias Cruéis dos Bravos) Kiyoshi, Saeki, “Sussho Iwai ” (Lobos) Hideo Gosha.

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